Livro Unidade Perfeita
"priorizar a unidade pelo que têm em comum em vez de se atacar pelo que têm de diferente.
Muitos são os grupos, as práticas e as crenças que separam os membros do corpo de Cristo. Se ter divergências faz parte da natureza humana, qual seria a forma bíblica de lidar com elas?
Não te peço apenas por estes discípulos, mas também por todos que crerão em mim por meio da mensagem deles. Minha oração é que todos eles sejam um, como nós somos um, como tu estás em mim, Pai, e eu estou em ti. Que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu dei a eles a glória que tu me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu estou neles e tu estás em mim. Que eles experimentem unidade perfeita, para que todo o mundo saiba que tu me enviaste e que os amas tanto quanto me amas. João 17.20-23
todos os cristãos um belíssimo e extraordinário referencial: que eles vivam unidade análoga à existente entre as pessoas da Trindade, um padrão elevado e sublime. O que salta aos olhos é que Jesus não diz algo como: “Veja bem, Pai, se eles não tiverem opiniões divergentes, que sejam um”. Nada disso. Não há condicionais. O que há é um absoluto: o Criador de céus e terra tem uma vontade explícita: que todos os cristãos, independente de denominação, faixa etária, cultura, ideologia política ou crenças em fórmulas batismais, regimes de governo eclesiástico, manifestações carismáticas ou doutrinas secundárias da fé, vivam um patamar de unidade análoga ao da Trindade.
o termo todos. Jesus não deseja que “alguns” ou “a maioria” dos que viriam a crer nele vivessem em unidade. Em momento nenhum ele diz almejar que apenas os de Paulo experimentem unidade entre si, nem que somente os de Apolo caminhem em união. Ele não segmenta grupos de cristãos. A concordância absoluta não é o parâmetro, tampouco o pertencimento a este ou aquele segmento do cristianismo: é evidente que a unidade que Jesus almeja está acima das divergências em certos aspectos da fé, de sistemas doutrinários, denominações ou facções. Portanto, é inquestionavelmente evidente que Jesus não estabelece que apenas reformados vivam em unidade entre si, tampouco que só os pentecostais estejam em união, muito menos que os integrantes desta ou daquela denominação estejam unidos: sua oração mira em todos os que creem nele.
Por definição, “todos” significa que não há exceções: são todos os cristãos, de todos os tempos, contextos, culturas e lugares.
Se pecado é ação contrária à vontade de Deus, e essa vontade é que a igreja viva em unidade perfeita, seria exagero dizer que militar contra essa mesma unidade configura pecado? Ou seria uma admoestação absolutamente necessária, para que os cristãos se convençam da imperativa necessidade de parar de promover contendas, dissensões e facções entre membros do mesmo corpo espiritual, passem a dedicar esforços para superar suas arrogâncias e vaidades pessoais e institucionais e comecem a agir no entendimento de que devemos ser unidos, como o Filho e o Pai são unidos?
É raro o dia em que não vemos calvinistas brigando com arminianos, e vice-versa; cessacionistas debochando de continuístas, e vice-versa; pedobatistas desqualificando credobatistas, e vice-versa; inimigos da missão integral confrontando adeptos da missão integral, e vice-versa; progressistas odiando e agredindo conservadores, e vice-versa; amilenistas diminuindo pré-milenistas, e vice-versa; entre tantos outros conflitos e rusgas no seio do corpo de Cristo.
passam a crer que todos aqueles que não concordam com você são excomungáveis, se não condenáveis”.
Acredito que a maioria dos cristãos que tentam sabotar a vontade de Cristo no que se refere à unidade da igreja o faz com boas intenções, acreditando estar agindo da forma certa ao defender o que, em sua opinião humana falível, configura o evangelho verdadeiro. Esses são sinceros em seu sectarismo, acreditando estar fazendo a vontade de Deus. Muitos creem, até mesmo, estar realizando apologética ao rejeitar outros cristãos que não concordam consigo em todas as coisas.
Há, por exemplo, o argumento da igualdade, segundo o qual promover a unidade dos cristãos seria dificílimo e até utopia, tamanha é a variedade de crenças, pensamentos e ramificações no seio da igreja.
esse argumento não leva em conta é que, por mais que o indivíduo confie no sistema teológico que abraça, vai contra a doutrina da depravação total (comum a calvinistas e arminianos) acreditar que aquilo em que se crê é absolutamente escorreito. Em outras palavras, arrogar para as próprias crenças um caráter de total infalibilidade e inerrância é pecado de arrogância e configura, até mesmo, idolatria — por divinizar e atribuir perfeição a sistemas elaborados por humanos imperfeitos.
Como Gutierres Siqueira estabelece com correção na obra Reino dividido: “Nenhuma denominação é detentora do reino de Deus. Nenhum sistema teológico engloba a verdade completa da fé cristã. Ninguém está apto a dizer que o seu núcleo denominacional expressa a totalidade do cristianismo”.
de um lado, temos argumentos humanos que tentam dar justificativas para a possibilidade de não promovermos a unidade entre os cristãos. Do outro lado, há o desejo explícito de Cristo de que todos os que viriam a crer nele vivessem em unidade perfeita, tendo como exemplo a união das pessoas da Trindade
Jesus sabia que haveria diferenças e discordâncias entre eles,
O doutor Jonathan Menezes faz um diagnóstico preciso das raízes do problema, ao defender que o que impede a união entre os cristãos de segmentos distintos do cristianismo não é a forma diferente com que se relacionam com Deus, mas “a disputa de poder e domínio sobre a verdade”: “É o desejo de dizer ‘essa é a forma correta’, ou ‘é assim que Deus quer ser chamado, invocado e adorado’. É a concorrência pela arregimentação de fiéis em torno de uma forma, não ao Cristo”.[6] Menezes adverte que muitos dos que promovem o sectarismo exclusivista
a cada minuto novas comunidades surgem, com pensamentos diversos, com práticas e vivências diferentes, precisamos focar naquilo que é importante. Renunciar à disputa, ao orgulho, ao egoísmo, à vaidade, à falta de caridade e de fé naquele que realmente é Justo Juiz, e deixar que a prática do amor e da piedade fale por nós.
Nossa melhor escolha nesse momento é acessar o Evangelho puro e simples de Jesus.[8] Esta é a proposta: submeter-nos ao senhorio do evangelho de Jesus e à ação do Espírito Santo em seu desejo de renovar a nossa mente
A parcela sectária e arrogante da igreja de Jesus só viverá no centro da vontade divina quando negar a si mesma em sua arrogância exclusivista e clubista, exorcizar-se do espírito de irmão mais velho do filho pródigo,
unidade não é ecumenismo ou igualdade. Sem exclusivismos orgulhosos. Antes, com humildade e obediência ao Rei dos reis.
o povo que glorificará a Deus é composto por “uma imensa multidão, grande demais para ser contada, de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Ap 7.9).
Devemos inaugurar, desde já, a realidade eterna, mediante a promoção nesta vida da unidade perfeita que viveremos em novos céus e nova terra, comungando com irmãos e irmãs em Cristo que falam línguas denominacionais diferentes, têm culturas doutrinárias diferentes, pertencem a tribos teológicas diferentes e integram nações com cores diferentes dentro do imenso degradê de seguidores do evangelho — desde que creiam em Jesus Cristo como Senhor e Salvador e, portanto, componham a multicolorida fraternidade dos filhos de Deus.
“Irmãos, suplico-lhes em nome de nosso Senhor Jesus Cristo que vivam em harmonia uns com os outros e ponham fim às divisões entre vocês. Antes, tenham o mesmo parecer, unidos em pensamento e propósito” (1Co 1.10).
Calvinistas e arminianos devem viver a paciência, a tolerância e o amor mútuo acima das rusgas eternas entre si. Cessacionistas e continuístas já passaram da hora de conviver em harmonia, promovendo o avanço do reino a que ambos pertencem, em vez de se fecharem em guetos fraticidas. Pedobatistas e credobatistas necessitam compreender que Cristo está indizivelmente acima de fórmulas batismais. Amilenistas e pré-milenistas devem abraçar a verdade de que podem se unir no amor e na evangelização e não se afastar por questões escatológicas
A história da igreja teve seu início com um pequeno grupo de discípulos de Jesus reunido em Jerusalém, que, após a partida do Mestre, aguardava a descida do Espírito Santo.
Diferentemente de Babel, quando Deus confundiu as línguas para que os homens não se entendessem, em Pentecostes a linguagem deixou de ser um problema. Afinal, cada um os ouvia falar em sua própria língua. Aqui está, já no começo da história cristã, um belo quadro da ação do Espírito Santo no Corpo de Cristo: em meio às diferenças, ele promove unidade.
Deus não escolheu uma língua oficial e operou um milagre para que todos entendessem aquele único idioma, mas cada um ouviu as maravilhas de Deus na própria língua. Isso, segundo González, significa que o Espírito Santo traduziu as grandezas de Deus para cada cultura ali presente.
seres tão pecadores e naturalmente voltados ao egoísmo e à divisão.
Devido à sua natureza, a fé cristã suscita divisões. O próprio Jesus foi claro e duro sobre essa inevitável verdade: “Não pensem que eu vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e o seu pai; entre a filha e a sua mãe e entre a nora e a sua sogra. Assim, os inimigos de uma pessoa serão os da sua própria casa” (Mt 10.34-36). É ingenuidade pensar que o cristianismo seja apenas uma religião de amor, paz, alegria e união. Embora amor, paz, alegria e união sejam assuntos sérios no reino de Deus, por causa do pecado a resolução proposta por Deus requer de nós a decisão de abraçar um tesouro e abandonar outros. E isso, em alguma medida, resultará em dor, tristeza e divisão.
desde que a igreja nasceu, os cristãos tiveram de lidar com a presença de falsos irmãos, mestres, cristos e profetas e, principalmente, falsas doutrinas. As cartas apostólicas do Novo Testamento, em grande parte, são exortações dos apóstolos aos primeiros crentes para permanecerem no ensino de Cristo e rejeitarem veementemente as heresias, assim como aos falsos irmãos (cf. 2Pedro 2.1; 1Coríntios 11.19; Efésios 4.14; 2João 1.7; 1João 4.2; Colossenses 2.8). Seguramente, podemos dizer, olhando para a história, que o fato de a igreja sobreviver até os dias de hoje tem a ver com a coragem e o zelo de homens levantados por Deus que rejeitaram heresias e defenderam a fé cristã. Foi o caso do apóstolo Paulo, que chegou a declarar que ele mesmo poderia ser digno do inferno se pregasse outra coisa fora do evangelho de Cristo (Gl 1.8-9).
nunca foi fácil para nós, cristãos, rejeitar o falso (que Deus também rejeita) sem com isso rejeitarmos irmãos (que Deus não rejeita) e que talvez só pensassem diferente de nós. A história da igreja está repleta de brigas, rixas, guerras e divisões porque ainda somos míopes na hora do corte.
Desde o primeiro século, o povo cristão nutriu um senso de unidade e pertencimento a um único corpo coeso. Ao mesmo tempo, estava também consciente de que a igreja não era apenas uma comunidade local aqui ou ali, mas um grande corpo espalhado pela terra.
No segundo e terceiro século d.C. foi se construindo uma unidade voltada ao Catolicismo romano. Ela teria uma hierarquia forte com a submissão do povo aos seus bispos e papa.
Avançando pelos séculos e chegando à Reforma Protestante, vemos a história pouco prestigiada do reformador alemão Martin Bucer. Embora a Reforma seja um movimento conhecido por resultar em divisões...
Bucer foi o responsável por reunir Martinho Lutero e Ulrico Zwinglio em uma conferência para debater sobre a ceia (os dois tinham entendimentos divergentes sobre a presença de Cristo nos elementos). A preocupação de Bucer estava em promover uma conciliação entre os dois reformadores.
No pós reforma, no século 18, surgem os Moravios, que conseguiram unir diferentes entendimento teológicos.
Não é sem motivo que Zinzendorf é chamado por alguns autores[18] de “pioneiro ecumênico”.[19] A liderança prática, assim como seu zelo espiritual no meio de um cenário tão caótico (as contendas entre católicos e protestantes, assim como entre a própria comunidade protestante) fizeram seu nome figurar na história da unidade cristã.
Séc. 20. Movimento Pentecostal e Carismático. Novas divisões feita por Deus.muitos saíram da suas igrejas para formarem outras.
Movimento da rua Azuza.
novas denominações foram fundadas. Pois bem, os que consideravam aquele um movimento que não provinha de Deus se tornaram opositores dos que criam no “falar em outras línguas”. Com isso, o século 20 viu o florescer das disputas teológicas entre cessacionistas, aqueles que creem que os dons cessaram, e continuístas, que creem na continuidade dos dons.
o Espírito Santo uniu pessoas de linhas teológicas,
denominações e até raças diferentes. Por mais críticas que o avivamento de Azusa possa receber, esse movimento, berço do Movimento Pentecostal moderno, uniu negros e brancos no auge da segregação racial americana.
Diferente dos pentecostais, os carismáticos se estabeleceram como crentes na experiência do batismo no Espírito Santo, mas negando que o falar em línguas fosse a única evidência desse fenômeno. Isso cooperou, em muito, com uma posição menos sectária. A esse respeito, Vinson Synan também afirma que os carismáticos conseguiram ser mais eficientes em levar para dentro de igrejas mais tradicionais a experiência pentecostal sem promover novas divisões e contando com equilíbrio e uma teologia madura.(igreja Vida Nova/ Luteranos/Metodistas/Católicos)
por causa da experiência com o batismo no Espírito Santo, foram compelidos a ir além de suas fronteiras denominacionais e ter comunhão com outros irmãos de linhas diferentes do corpo de Cristo.
Deus não trouxe a renovação para fortalecer as igrejas para que continuem como estão. Ele a trouxe para promover seu próprio plano, que é nos tornar um, assim como ele e o Filho são um.
A história da Igreja não é só de relatos de divisões. Ao longo dos séculos Deus vem respondendo a oração de seu Filho, combatendo o sectarismo e trabalhando pelo aperfeiçoamentoda unidade (Jo. 17:20-23).
O que é mais interessante nessa passagem é a percepção de que a unidade dos cristãos está intimamente relacionada com evangelização. Cristo disse que, para que o mundo viesse a crer que ele era o enviado de Deus, seus seguidores precisariam ser um. Isto é, eles deveriam andar em unidade, refletindo a unidade que há na Trindade. Com isso em mente, quero acrescentar mais uma passagem a essa reflexão. Jesus disse: Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros. [...] E, por se multiplicar a maldade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que ficar firme até o fim, esse será salvo. E será pregado este evangelho do Reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim. Mateus 24.10-14 Portanto, antes que venha o fim, algo é necessário: testemunho, evangelização. As nações precisam saber sobre Jesus. Esta foi a grande comissão que ele nos deixou: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19). A volta de Jesus, que marca o fim dos tempos, depende da evangelização"
Jesus uniu judeus e gentios em um só povo. Paulo lutava pela unidade.
quando demonstramos nossa desunião através da incapacidade de formar parcerias, rebaixamos nossa missão e mensagem e negamos o poder da cruz
nos voltar para o Senhor. Se quisermos mudar o mundo, precisamos primeiro mudar nossos corações e caminhos, como disse Jeremias”. Ele acrescentou: “A igreja precisa ser modelo do que prega. […] Precisa demonstrar uma comunidade do amor que reconcilia e vive em unidade”.
quando a igreja não vive em unidade, a credibilidade da proclamação do evangelho é afetada. Sem credibilidade não podemos ser agentes de transformação no mundo.
Transformar uma sociedade é tarefa complexa e muito além da capacidade de uma única igreja, denominação, associação, convenção, agência missionária ou organização humanitária
Todo protestante, seja de linha histórica, seja pentecostal, tem sua base de fé e conduta na doutrina reformada.
Confessamos os cinco solas, os quais resumem a nossa confissão de fé:
1) Só a Escritura. 2) Só Jesus Cristo. 3) Só a fé. 4) Só a graça. 5) Só a Deus glória.
Em nosso seminário, o professor é orientado a expor as várias vertentes teológicas, de forma a permitir que cada aluno forme suas convicções diante do que foi ministrado e da doutrina que ele aprendeu em sua igreja.
A produção do conhecimento que tem o foco na essência, e não nos acessórios, deve constituir a nossa filosofia educacional. Por isso, a opção pela essência da verdade é o melhor caminho para a unidade.
a prática da verdade nivela tanto o mestre como o aprendiz no modelo do cristianismo verdadeiro: “um só é o vosso Mestre, e vós todos sois irmãos” (Mt 23.8).
que haja unidade na produção do conhecimento (foi o que Jesus fez, chamando para Si a responsabilidade).
A construção do conhecimento bíblico-teológico trata das doutrinas fundamentais em sua essência, o que edifica.
“Evite discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não têm utilidade e são fúteis” (Tt 3.10).
Se estamos mais interessados em uma doutrina particular do que no conhecimento de Deus e do Senhor Jesus Cristo, tiramos o foco da verdade e nos tornamos pessoas espiritualmente obsessivas.
O ser humano é, em si, preconceituoso. Por essa razão, nossa sociedade tem elaborado leis para evitar o desrespeito, por exemplo, ao negro, à mulher e aos homossexuais. No meio evangélico, temos outros tipos de preconceitos.
O engessamento doutrinário produz o preconceito e estigmatiza pessoas. Nós as rotulamos de tal forma que as marginalizamos e as excluímos do diálogo.
Deus não dá tudo para ninguém. O evangelho é coletivo. O Espírito distribui os dons individualmente, conforme ele quer (1Co 12.11),
O Reino é coletivo
Jesus edificou sua igreja de forma que, para nos movermos de maneira saudável, devemos depender uns dos outros. O problema acontece quando nossas diferenças nos separam e nos fazem sentir-nos melhores, superiores ou mais detentores da verdade do que as outras famílias de fé. Isso gera sentimentos pecaminosos, competitivos e orgulhosos
, os pecados que mais nos assemelham a Satanás são justamente o orgulho e o sectarismo,
Se o orgulho é o grande motivador da divisão, soma-se a ele o medo de, ao nos abrirmos à possibilidade de estar em unidade com o diferente, perdermos a própria identidade. Nesse sentido, a chave que abre nosso coração para a unidade perfeita almejada por Cristo é entendermos que unidade é diferente de uniformidade. Afinal, nós não precisamos nem devemos ser iguais; precisamos apenas estar unidos. Não precisamos nem devemos abrir mão de ser quem somos; devemos apenas respeitar, admirar e, principalmente, receber daqueles que são diferentes de nós.
Nossos dons, características e habilidades não são opostos, são complementares. E, quando nos abrimos e abrimos a igreja para que pessoas diferentes nos sirvam, a igreja é enriquecida e edificada.
ninguém é igreja sozinho.
Efésios 4.3-6 é fundamental, prático e vital para a compreensão do impacto da unidade da igreja. Paulo escreveu: “Façam todo o possível para se manterem unidos no Espírito, ligados pelo vínculo da paz. Pois há um só corpo e um só Espírito, assim como vocês foram chamados para uma só esperança. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de tudo, o qual está sobre todos, em todos, e vive por meio de todos”.
As estratégias de plantação de igrejas que vemos na realidade brasileira de nossos dias estão muito mais arraigadas às denominações do que voltadas à expansão do reino de Deus. Isso é visível quando vemos que, na maioria, as estratégias de expansão missionária e plantação de igrejas não levam em conta outras comunidades de fé inseridas no local onde o plantio se dará. Fala-se muito em expansão, mas, se cremos que há um mesmo Deus, um só Senhor e uma só fé, não seria possível, hipoteticamente, entender que uma denominação plantada em algum lugar já cumpre esse papel e que o que precisamos fazer é ajudá-la, fortalecendo o que já está sendo feito ali, em vez de investir no começo de algo novo?
consenso sobre o essencial e o negociável.
Infelizmente, o que vemos ocorrer amplamente é um conjunto de líderes e denominações que não estão dispostos a dialogar e abrir mão de alguns pontos no ambiente do que é negociável em prol de um objetivo comum. Quando isso ocorre, em geral é por arrogância e vaidade. Esse fato lamentável faz com que a regra se torne, infelizmente, a abertura de diversas igrejas diferentes,
A falta de unidade provoca atrasos. Inviabiliza projetos missionários. Gera mau testemunho. E é pecado! Se não enxergarmos essa realidade com o peso espiritual que ela realmente tem, nunca sairemos do lugar raso no qual a igreja se encontra dentro do cenário social de nossos dias.
Há oportunismo, gente mercenária, sectarismos, distorções teológicas e abusos. Porém, é evidente que Cristo insiste em salvar, regenerar e ocupar essas dinâmicas denominacionais derramando graça sobre pastores e irmãos realmente consagrados por Jesus, no poder do Espírito Santo e pela Palavra de Deus. E eles estão por aí, crendo e vivendo Cristo em sua vida comum — muitas vezes, sob total anonimato.
Fui tomando consciência de que não bastava boa vontade, mas que minhas práticas e minha espiritualidade deveriam ser orientadas e reguladas pela verdade.
Deus, em sua soberana graça, não depositara a totalidade da verdade cristã em uma única denominação
Deus pode, perfeitamente, operar seus desígnios na igreja a despeito de seus repreensíveis erros e graciosos acertos.
a vitalidade da fé cristã, tem o seu poder em pessoas
Tal unidade não pode ser criada artificialmente. Ela exigirá humildade e dependência do Espírito Santo, além de alto compromisso com verdades inegociáveis.
"Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado..."
Cada líder tem sua glória.
O não aperfeiçoamento na unidade, conspira contra nós mesmos, pois a finalidade é que o mundo conheça que Deus enviou Jesus ao mundo por amor à humanidade caída. Em outras palavras, a unidade dos cristãos revela o amor de Deus ao mundo, por meio de Cristo e seus seguidores.
Quando o mundo perceber o Poder que Une.
a luz que dissipa suas trevas e o sal que impede sua deterioração.
unidade não se cria, se preserva.
Consciência: cada um por si e Deus por todos.
ue outra causa nobre tem um cristão além da causa do evangelho? Essa causa não deveria fazer com que estivéssemos “firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica”? Essa causa não deveria gerar as pautas e os temas do exercício da nossa cidadania terrestre? Sim, é essa causa que determina, ilumina, modela e orienta todas as demais causas. O evangelho de Cristo determina o modus vivendi e o modus operandi do pistis euaggelion (a fé evangélica).
Lute contra o espírito de superioridade e enfatize que somos membros de um só corpo
Vocação O apóstolo começa dizendo que é necessário viver de acordo com a nossa vocação. Portanto, um dos impedimentos para a unidade do corpo de Cristo é não conhecermos a nossa própria vocação e o fato de que há diferentes vocações. Ao fazê-lo, desrespeitamos a forma de ser e fazer de nossos irmãos.
e ela está sempre em busca dos iguais. Essa busca, infelizmente, a impede de compreender a necessidade da diversidade.
arrogância. É a presunção de imaginar que a única resposta para a humanidade esteja em nós mesmos.
para levá-las a superar discórdias e diferenças que no passado não permitiram nem que se sentassem juntos
Nenhuma igreja, congregação, ministério ou denominação é resposta sozinha para a obra de Deus.
Nunca devemos esquecer que a Igreja tem dono e que Aquele que começou a boa obra há de terminá-la.
O joio do meio do trigo, sejam elas personalidades ou preceitos humanos, Ele é quem separará e provará a obra de cada um no fogo.
Claro que a raiz desse problema está na rebelião causada pela queda da humanidade. Dentre os efeitos do pecado estão a separação e a inimizade com Deus e uns com os outros. O pecado nos afetou completamente, distorcendo nossa percepção de nós mesmos, do relacionamento vital com o Criador e do pertencimento de uns aos outros. Considere, então, pessoas imersas nesse contexto e que frequentam uma igreja local. Seu modus operandi, isto é, seu jeito de se relacionar com as pessoas é moldado por esse desprendimento e é caracterizado por essa separação
O teólogo luterano Dietrich Bonhoeffer afirma que fomos unidos para a eternidade em Jesus Cristo e, por isso, nossa comunhão e nossa união não podem estar baseadas no que a outra pessoa é em si — em sua espiritualidade e piedade. Nós nos encontramos com o outro somente por intermédio da mediação de Cristo e, por isso, agora é possível que haja união entre nós. Afinal, Cristo nos reconciliou com Deus em um só corpo, por meio de sua morte na cruz, eliminando a inimizade que havia entre nós (Ef 2.16).
Nós ansiamos por respeito, identidade e significado; ansiamos por ser acolhidos e pertencer. Porém, mesmo na igreja, podemos experimentar solidão e desconexão, frustração e decepção nas relações, desarmonia e separação
A hostilidade não atinge apenas estranhos, pessoas de rua ou com comportamento esquisito. Em um mundo caracterizado pela competição e o individualismo, até mesmo aqueles que estão bem perto — como família, igreja e colegas de classe e de trabalho — podem agir com hostilidade entre si.
O outro é um estranho que não tenho interesse de conhecer, nem paciência de ouvir.
precisamos enxergar e entender nossa própria hostilidade, responsável por tanta desunião entre nós.
: fomos inseridos nessa relação de amor que somente o Pai e o Filho experimentavam. Vimos a glória de Jesus e nos tornamos um com ele. é uma oração que continua até a consumação dos tempos, para dar vários frutos visíveis, a fim de que todo o mundo saiba e para que todo o mundo creia.
Jesus continua fazendo essa oração. E ele é ouvido pelo Pai. O Pai tem seus tempos e épocas e, um dia, a unidade dos seus filhos se realizará de forma plena. Hoje ainda não está completa, mas temos esperança de que vai se completar de maneira perfeita. O que Jesus está pedindo é que a relação, a comunhão de Jesus com o Pai, seja nossa também e, quando tivermos comunhão com eles, nós teremos comunhão uns com os outros. Os dois lados da unidade, invisível e visível, se encontram nessa realidade que já está disponível para nós
igreja é a oficina onde somos aprendizes que estão sendo treinados para incorporar um novo modo de viver. É o lugar de errar, tentar de novo, aprender com outras pessoas, pedir perdão e perdoar, arrepender-se e experimentar na prática. Não é o lugar onde todos já vivem de forma perfeita a unidade, mas é o espaço privilegiado onde temos todos os recursos necessários para aprender a vivê-la de verdade.
- Vanessa Belmonte
igrejas divididas não conseguirão convencer o mundo de que Jesus é o enviado de Deus.
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